A intoxicação alcoólica ou embriaguez pode levar a situações críticas e colocar em risco a vida da pessoa alcoolizada e de terceiros; saiba o que fazer e quando levar à UPA
O consumo excessivo de álcool em festas e eventos oferece sérios riscos à saúde e à segurança. Em altas doses, causa a perda de coordenação motora, alteração na fala, desorientação, desmaios e, em casos extremos, até a morte. Identificar os sinais de intoxicação grave e procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) pode ser essencial para evitar complicações fatais.
“Recomendamos que familiares ou amigos levem a pessoa até a UPA quando houver perda de consciência, especialmente se ela não responde a estímulos e apresenta dificuldade para acordar. Esse é um dos principais indícios de que a quantidade de álcool no organismo compromete o sistema nervoso central, podendo evoluir para um estado de coma”, explica a Dra. Jullyanna Alves, diretora técnica da UPA de Araguaína, gerida pelo Instituto Saúde e Cidadania (ISAC).
Outros sinais de alerta são a respiração lenta ou irregular, vômito frequente, convulsões e pele fria ou azulada. Estes sintomas indicam que o álcool já alterou as funções vitais da pessoa, elevando o risco de parada respiratória, pneumonia por aspiração e hipotermia.
Além disso, o estado de embriaguez coloca tanto a pessoa quanto terceiros em condição de vulnerabilidade, expostos a acidentes e interações perigosas. E um dos maiores riscos é a condução de veículo sob os efeitos do álcool, potencializando as chances de provocar acidentes fatais. Foi o que aconteceu no último dia 26 de outubro, quando um motorista embriagado atropelou e matou uma idosa que caminhava na Avenida Marginal Neblina.
“Dirigir alcoolizado é crime. Esta ação compromete os reflexos, julgamento e percepção, o que aumenta significativamente as chances de provocar acidentes graves. Mesmo uma pequena quantidade de álcool no organismo pode interferir na capacidade de condução segura de veículos, colocando em risco a vida do motorista e também a de outras pessoas”, acrescenta a médica.
Glicose direto na veia
Em casos mais graves, quando um paciente apresenta um quadro de hipoglicemia, ou seja, níveis de glicose (açúcar) no sangue muito baixos, a equipe do serviço de urgência aplica glicose direto na veia do paciente.
“Isso acontece porque o álcool interfere no metabolismo do fígado, reduzindo a produção de glicose, especialmente em situações em que a ingestão de bebidas alcoólicas acontece quando a pessoa está em jejum prolongado”, destaca a Dra. Jullyanna.
Esse medicamento funciona ao fornecer glicose, o principal “combustível” para o cérebro e o sistema nervoso, que dependem diretamente de níveis adequados de açúcar para funcionar corretamente.
Uma vez na corrente sanguínea, a glicose ajuda a estabilizar o organismo, aliviando sintomas como tontura, confusão mental e suor frio e, em casos graves, prevenir convulsões e perda de consciência, o chamado “coma alcoólico”.
“Se não houver intervenção médica urgente para estabilizar os sinais vitais e monitorar o paciente, essas complicações podem resultar em danos permanentes ao cérebro e até a morte. Em muitos casos, a pessoa precisa ser colocada sob suporte respiratório e monitoramento intensivo até que o corpo consiga eliminar o álcool do organismo”, enfatiza.
Perigos a longo prazo
Além dos riscos imediatos, o consumo exagerado e frequente de álcool causa problemas de saúde a longo prazo. O abuso da substância é fator para doenças hepáticas (no fígado), como a cirrose, além de ser associado a problemas cardíacos, neurológicos e psicológicos, como depressão e ansiedade. O consumo excessivo e contínuo também favorece o desenvolvimento de dependência química, criando um ciclo difícil de interromper.
A médica conta que nos casos em que uma pessoa extremamente alcoolizada é atendida na UPA, normalmente levada por familiares ou amigos, a equipe da unidade de urgência e emergência toma precauções específicas.
“Nossa prioridade é estabilizar os sinais vitais, monitorando a frequência cardíaca e a pressão. O paciente recebe hidratação e, em casos mais graves, pode ser necessária a realização de exames para identificar outras complicações ou substâncias no organismo”, finaliza a Dra. Jullyanna.
Por fim, a equipe da unidade de saúde orienta os acompanhantes sobre os cuidados posteriores, já que o paciente precisa de observação até que o efeito do álcool suma por completo.