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Identificação e notificação dos casos de violência infantil são essenciais para quebrar o ciclo de agressão
A identificação e notificação de casos de violência contra crianças ainda é um desafio para o setor de saúde. Mesmo com as ferramentas e regulamentações disponíveis, as complexidades que envolvem esses episódios tornam a atuação do profissional de saúde algo desafiador.
Com o objetivo de falar sobre agressão contra crianças e o papel dos profissionais de saúde na identificação desses episódios, o ISAC – Instituto Saúde e Cidadania abordou o tema em uma live no seu canal do YouTube.
O bate-papo foi mediado pelo pediatra e superintendente técnico do ISAC, José Maria Filho, e contou com a participação das assistentes sociais Hallayne Reis e Azenete do Santos, que atuam na UPA – Unidade de Pronto Atendimento Mansões Odisséia, em Águas Lindas de Goiás, e de Noeme Lopes, da UPA Anatólio Dias Carneiro, em Araguaína, no Tocantins.
“O objetivo da live é falar um pouco sobre a violência contra crianças que hora ou outra acabamos nos deparando com esse tipo de ocorrência nos atendimentos em nossas unidades. Pelas estatísticas, aumentou o número de casos de violência infantil e familiar durante a pandemia e o foco é mostrar de que maneira nossas equipes devem atuar nesses episódios”, explicou José Maria Filho.
Preparo da equipe
Para a identificação dos casos de violência infantil nas unidades é necessário que os profissionais envolvidos na assistência estejam atentos a sinais comportamentais durante o atendimento. A notificação desses episódios é essencial para quebrar o ciclo de agressão.
“Os profissionais de saúde precisam desenvolver um olhar atento para identificação da violência contra criança. Perceber os sinais comportamentais tanto da criança, como do acompanhante, situações que fujam da normalidade, é fundamental para ser efetivo na identificação de possíveis casos de violência”, destacou Azenete do Santos.
Fluxo no atendimento às vítimas
Em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças, o profissional de saúde deve notificar de forma obrigatória os Conselhos Tutelares, as Delegacias de Proteção da Criança e do Adolescente e o Ministério Público da localidade, bem com a Vara da Infância.
A notificação deve ocorrer sempre que se perceba abuso ou situações de risco contra a criança, como, por exemplo, em casos de violência física ou emocional.
O apoio psicológico à vítima e familiares é fundamental nesse tipo de episódio. Esse trabalho é desenvolvido inicialmente pelo Serviço Social das unidades.
“Na dúvida, é necessário notificar. Quando há suspeita de algum tipo de agressão, buscamos fazer o acolhimento da criança e dos familiares que estão presentes, e de imediato, já acionamos o Conselho Tutelar para tomar as devidas providências necessárias”, explicou Hallayne Reis.
Sinais de agressão
A criança que sofreu algum tipo de violência seja ela física, psicológica ou sexual pode apresentar alguns comportamentos que auxiliam na identificação do fato. Mesmo com possíveis dificuldades de comunicação, as vítimas deixam sinais comportamentais claros de que vivem problemas.
– Lesões na pele como feridas, hematomas e queimaduras devem ser questionados ao cuidador. Marcas evidentes de agressão física devem ser imediatamente notificadas.
– Comportamentos agressivos e de irritabilidade podem mascarar uma exposição à violência;
– Crianças com retardo no desenvolvimento, dificuldade na fala ou para andar, por exemplo, podem ser vítimas de constantes agressões.
– O choro constante e dificuldade de encarar adultos podem ser sinais de violência. O corpo pode demonstrar repulsa com vômitos ou pavor ao se deparar com certas pessoas.
Violência infantil no Brasil
Dados divulgados nessa sexta-feira, 22 de outubro, constatam que o Brasil perde 19 crianças ou adolescentes por dia para violência. O Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil foi desenvolvido pela UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O estudo inédito destrinchou os boletins de ocorrência de mortes por violência juvenil entre 2016 a 2020. O resultado foi um total de 35 mil assassinatos nos últimos 5 anos e 179 mil estupros nos últimos quatro anos.